RE: ARLA/CLUSTER: Alguém tem ideias sobre a nova legislação?(resposta ao CT3FQ e ao CT2IRJ)

João Gonçalves Costa joao.a.costa ctt.pt
Quarta-Feira, 10 de Janeiro de 2007 - 14:40:00 WET


Ora então continuando, mas agora na versão uma resposta para dois,hihihi. 

Mais uma vez aconselho a que vejam o que actualmente já está consignado para o Serviço de Amador.

1- A ANACOM além de não fechar os olhos posso-lhe assegurar que todos estes dispositivos são autorizados,  pois não creio que qualquer associação incorresse em coimas pesadas. Como se depreende, uma coisa é estarem autorizados, outra é estarem licenciados. Que eu saiba, nenhum dos actuais 86 repetidores que fazem parte do plano(continente e ilhas) está licenciado ( não digo mais por consideração aos pregos nas cruzes do CT4RK, penso que ele foi suficientemente directo e conciso)

2- Volto a invocar a resposta dada anteriormente, alias, sendo o desvio(tx versus rx) dos repetidores de 10 mts tão curto, normalmente montasse o receptor numa Serra e o emissor noutra, com interligação entre os dois. Quanto á interligação nos repetidores de VHF e UHF ela já é permitida "Quando solicitado pelas entidades competentes no âmbito da emergência, poderá a ANACOM autorizar a interligação entre estações repetidoras." ver a ressalva á alinea (v) interligação entre estações repetidoras das Características técnicas e operacionais comuns ao funcionamento das estações repetidoras) obviamente que ela deve  ter outra redacção pois no caso de catrastofe geral não acredito que a ANACOM  ou outra entidade qualquer possa ter alguem disponivel para o efeito

3- Bem, se não me engano, o Carlos Neves já foi dirigente de uma associação, portanto nem preciso lhe dizer como grande parte das associações e colectividades vive, ou melhor, sobrevive, alias, ao aplicar-se a lógica Darwinista do Salomão garanto-lhe que em Portugal o associativismo desaparecia ao outro dia. Tudo começa na educação, civismo, etc. Exemplo: não fosse a boa vontade de alguns sócios da ARLA e nem aqui poderíamos estar a dissertar sobre este tema. Portanto, vamos assentar os pés na Terra e menos a cabeça na Lua e olhar para a realidade social e económica que nos cerca. Por vezes, tenho a nitida impressão que vivemos em Mundos diferentes ou quiça em Universos paralelos.

4 - Não necessito de dizer mais nada, pois alem de tudo, comungo dos receios do Salomão. É basicamente uma questão de organização social e económica e como se concluiu o modelo que defendo, á muito, não acha que o sector privado é a 5º essência do mercado. Reconheço que nos EUA algumas coisas até funcionam, até certo ponto, mas em Portugal e ao que assisto é que os ricos querem única e exclusivamente serem mais ricos e nem lhes passa pela cabeça que a sua riqueza deve incluir o desenvolvimento social dos mais desfavorecidos. O mecenato é quase residual.

5 - Mantenho a mesma opinião anteriormente expressa.

6 - Já repararam que as comunicações digitais desde o 5/95 e portarias anexas, são fortemente incentivadas e nem por isso o radioamadorismo se expandiu muito para esses lados. Nesse aspecto, desde 1995 que o legislador teve essa vertente em consideração. Basicamente um CT2 actualmente pode fazer comunicações digitais em quase todas as bandas, mas nem por isso, se vê um grande desenvolvimento nesse sentido. Portanto mais uma vez aqui nada de novo do que actualmente já não seja considerado.

Por muito estranho que possa parecer esta minha opinião, talvez não fosse má ideia incentivar os mais idosos a virem para o radioamadorismo, pois a demografia aponta cada vez mais nesse sentido, do que no contrario, pelo menos nos países desenvolvidos. Não discordando, mas essa tecla dos mais jovens, já está, na minha opinião, demasiado batida e aqui sim era algo de novo e revolucionário; aconselho vivamente a olharem para as estatísticas pois alguns dos problemas desses cada vez maior numero de cidadão poderia encontrar aqui um excelente passatempo e companhia. 

Conheço muitos radioamadores aposentados que se não fosse o radio já teriam morrido, decerteza.

João Costa
CT1FBF

-----Original Message-----
From: cluster-bounces  radio-amador.net
[mailto:cluster-bounces  radio-amador.net]On Behalf Of ct3fq
Sent: terça-feira, 9 de Janeiro de 2007 22:10
To: Resumo Noticioso Electrónico ARLA
Subject: Re: ARLA/CLUSTER: Alguém tem ideias sobre a nova
legislação?(resposta ao CT1FBF)


Boa noite João e obrigado, uma vez mais, por me ter dado a sua opinião. 
Só prova que estamos num País livre.

Penso que deve haver um mal entendido algures.

Comecemos pelo fim:

1- Só se a nova legislação já saiu  eu não sei! Que eu saiba a lei 
actual só permite Beacons nos 144MHz e 432 MHz . Simplesmente a ANACOM 
fecha os olhos e ignora que as outras  existem. Até acho espantoso os 
prefixos de algumas balizas! Solicite que a ANACOM lhe envie uma cópia 
das licenças dos Beacons que você pensa que estão legais e vai ter uma 
surpresa!  Por isso penso que agora a nova  Lei deve ser explicita! 
Porque não ficar tudo transparente e no papel? Que diabo, queremos 
continuar a jogar às escondidas?

2- Quantos aos Links, a Lei actual também não o permite quaisquer links 
entre estações de Amador. Que o digam os nossos repetidores R2 (Funchal) 
e R7 (Porto Santo) cujo link foi mandado desligar pela ANACOM!!!!!

3- Quanto às Associações não terem dinheiro isso é um problema interno 
delas. Cabe aos corpos Dirigentes eleitos gerirem-nas de modo a torná- 
las  viáveis. Aqui penso que a selecção natural ( a lei do mais forte) 
acabará por encerrar algumas, dando assim  mais  folego às que ficam. É 
triste? Sim concordo que é triste, mas não é por existirem mais  
Associações  que as coisas funcionam melhor. Pelo contrário a história 
recente prova o contrário!
Quanto à Utilidade Pública. Se não me engano, a nossa Associação da 
Madeira (ARRM)  foi a primeira do País a ser Declarada de utilidade 
Pública, mas sinceramente, actualmente de utilidade tem muito  pouco! 
Penso que a Declaração de Utilidade Pública devia ser periodicamente  
revista e não ser um facto adquirido que, às vezes, é mal entendido.

Agora vamos a numeros: Uma Associação não pode pagar 9 euros/ano por uma 
licença de repetidor,  mas se calhar paga 35/mês  por um acesso à 
Internet que ninguém usa! Será isto boa gestão?   Acha também justo que 
eu utilize um ofício duma Associação para uso pessoal para  assim não 
ter que pagar por um indicativo especial do meu bolso? Não estou eu a 
usurpar os direitos dos restantes sócios?


4- No ponto do licenciamento de estações repetidoras por pessoas 
singulares parece que não me fiz entender.  O facto de ser uma Entidade 
singular a licenciar uma estação repetidora não significa que a 
utilização desta seja privada. A utilização deverá ser obrigatóriamente 
Pública e livre para Amadores, mas a responsabilidade de montagem e 
manutenção é apenas de uma pessoa ( e como é actualmente?),  desde que 
prove que tenha capacidade técnica e financeira para o efeito. Uma coisa 
lhe garanto João, de certeza que iriam aparecer melhores e mais repetidores!


5- Quantos às taxas. Eu já sabia que a minha opinião iria ser polémica 
mas arrisquei! Claro que nenhum de nós quer pagar mais,  mas coloque-se 
na posição de um Amador que só  pode operar VHF, acha justo que ele 
pague o mesmo pela licença   que um Amador que opera todas as outras 
bandas? Eu acho que não!...  mas é apenas uma opiniao... e cada um fica 
com a sua...


6- Quanto aos Velhos do Restelo: Eu também tenho paixões pelos velhos 
radios, que o diga as horas que perco no e-bay a perseguir velhas 
reliquias (hallicrafts, Heathkits, Argonauts) com as esperança de 
conseguir ficar com alguns. Aqui, e uma vez mais,  houve um mal 
entendido. Eu falo de jovens que já nasceram com o computador na mesa de 
cabeceira. Acha que é fácil convence-los a serem radioamadores? Onde 
estão eles? Os poucos  que conheço  são-o por imposição dos pais - que 
também são radioamadores - e a maioria são amadores de papel (têm  
licença mas nunca a vão utilizar).
João,  é preciso que acordemos do sonho e encaremos a realidade: É 
preciso que consigamos encontrar coisas novas, porque as coisas que 
gostamos, eles  já não gostam! É a diferença de gerações!


Qual é a probabilidade de aparecer mais um Luis Cupido (CT1DMK) nas 
próximas gerações?

Um abraço da Madeira

CT3FQ
Carlos Neves




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