Re: ARLA/CLUSTER: RE: Amadores de Rádio, cultura e competência

Carlos Mourato radiofarol gmail.com
Segunda-Feira, 27 de Novembro de 2006 - 12:16:24 WET


Miguel!
Concordo contigo a 100%


2006/11/26, Mariano Gonçalves <ct1xi  sapo.pt>:
>
> Miguel
>
> Apenas dei o meu ponto de vista pessoal.
>
> Olhe este por de sol na Ilha de Mandji, na República do Gabão, onde faz
> duas
> semanas, fiz excelentes DX em HF, mas sem QSL.
>
> 73, Mariano
>
>
>
> ----- Original Message -----
> From: "Miguel Andrade" <ct1etl  clix.pt>
> To: "Cluster" <cluster  radio-amador.net>
> Sent: Sunday, November 26, 2006 6:23 PM
> Subject: ARLA/CLUSTER: RE: Amadores de Rádio, cultura e competência
>
>
> > Olá Mariano,
> >
> > Aproveito para desta forma pública felicitar esta forma lúcida de ver a
> > questão.
> > Quando escrevi que deveríamos em primeiro lugar definir o
> Radioamadorismo,
> > referia-me precisamente a estas definições, as quais se enquadram na
> minha
> > forma de descrever os possuidores do Certificado de Amador Nacional.
> > É também minha opinião que o problema de « inserir toda esta diversidade
> de
> > saberes, de conhecimentos e competências, e que são tão vagos e
> > multifacetados, no mesmo pacote legislativo, com regras, com deveres e
> com
> > direitos iguais para todos os amadores, quanto todos são afinal tão
> > diferentes », é um desafio que está longe de ser ganho, tanto aqui como
> em
> > muitos países.
> > Não sei se concordarão todos comigo, mas parece-me que o Serviço de
> Amador
> > tem sido ao longo dos anos negligenciado pelo poder político.
> >
> > 73's de Miguel Andrade ( CT1ETL )
> > IM58js - 38º44'57" N/009º11'26" W
> > CQ Zone 14 ********** ITU Zone 37
> > endereço em/adress in www.qrz.com
> >
> >
> > -----Mensagem original-----
> > De: Mariano Gonçalves [mailto:ct1xi  sapo.pt]
> > Enviada: domingo, 26 de Novembro de 2006 9:45
> > Para: Resumo Noticioso Electrónico ARLA; ct1etl  clix.pt; Carlos Mourato
> > CT4RK
> > Assunto: Amadores de Rádio, cultura e competência
> > Importância: Alta
> >
> >
> > Bom dia,
> >
> > Meu caro Mourato, eu peço-te desculpas de me intrometer no Vosso
> diálogo,
> > acerca deste assunto.
> > Mas o cota, também gostaria de contribuir para esse debate, com um pouco
> do
> > meu ponto de vista pessoal.
> >
> > Sou amador de rádio desde 1965, iniciei-me como rádio-escuta ainda muito
> > jovem, e só depois, por motivos conjunturais, quer técnicos, quer
> > financeiros, eu pude fazer o exame, construir e instalar a estação que
> me
> > permitiu passar a ser rádio-emissor.
> >
> > Eu fui detido em 1966 pelos fiscais radioeléctricos da DSR dos CTT, por
> ter
> > construído e empregue um emissor clandestino. Eu morava a cerca de 1.500
> > metros do centro de fiscalização de Barcarena.
> > Foram os próprios fiscais e ainda o antigo director do centro de
> > fiscalização o Sr. Vardasca, quem me ajudaram a resolver legalmente este
> > assunto, e foram eles depois que me ofereceram mais material de rádio e
> > incentivaram para continuar.
> > Isso marcou a minha opção e vida profissional.
> >
> > Durante estes tempos, com a passagem dos anos de 1960 para os anos de
> 1980
> e
> > 1990 ou sejam dos tempos da auto-construção da estação, para a compra da
> > estação de rádio, acabámos todos nós por nos apercebermos que afinal os
> > amadores de rádio não são todos iguais e que existem tipos diferentes de
> > amadores a fazer diversas formas de radioamadorismos. Uma diversidade
> > cultural que nos enriquece, e que devemos respeitar, mas que deve ser
> > regulada.
> >
> > Considero que poderão existir hoje três formas de ser amador da Rádio:
> >
> > Radioamadorismo Técnico - dirigido para os aspectos da cultura da
> ciência
> e
> > tecnologia, está na géneses legal e cultural do Radioamadorismo, e que é
> > geralmente praticado por auto-didactas das ciências, por estudantes e
> > profissionais dos ramos da electrónica e rádio, informática, física, das
> > telecomunicações e do aeroespacial, entre outras.
> >
> > Radioamadorismo Desportivo - o amador da competição (comporta já alguma
> > componente lucrativa e comercial, algum profissionalismo mesmo) está
> > dirigido para os concursos e a competição entre amadores desportistas
> (do
> > QSL, diplomas, taças e etc.) é geralmente praticado pelas outras
> profissões
> > que não são necessariamente do sector técnico, os melhores DXers
> portugueses
> > eram médicos, advogados, comerciais, hoje são executivos e etc.
> >
> > Radioamadorismo de Lazer e Tempos Livres - praticado por quem não sabe
> > técnica, nem quer fazer competição ou desporto, mas por alguém que se
> gosta
> > de intercomunicar (agora já o faz pela Internet e até pelo GSM) por quem
> > gosta de operar através de meios radioeléctricos. Por quem se inicia na
> > rádio como amador, em geral são jovens e ou já cidadãos jubilados. Por
> quem
> > apenas quer passar algum do seu tempo livre ligado em torno da rádio,
> seja
> > como receptor ou como emissor. Antigamente ele era praticado por
> fazendeiros
> > e pessoas que careciam das radiocomunicações de âmbito mais pessoal,
> > sobretudo em África e na América, nos grandes territórios onde não
> existem
> > as telecomunicações nem as estruturas dos meios exteriores de
> transmissão
> > (telefones, televisão, Internet e etc.).
> >
> > O problema da legislação, é conseguir inserir toda esta diversidade de
> > saberes, de conhecimentos e competências, e que são tão vagos e
> > multifacetados, no mesmo pacote legislativo, com regras, com deveres e
> com
> > direitos iguais para todos os amadores, quanto todos são afinal tão
> > diferentes.
> >
> > Pessoalmente entendo que não se querendo, nem se sabendo dos aspectos
> > técnicos da radioeléctricidade, no mínimo, que se saiba ser Operador
> Amador
> > de Rádio, e para tanto, que se dominem todos os requisitos e
> procedimentos
> > exigíveis legais e técnicos, de igual forma que a um qualquer
> profissional
> > treinado, seja militar ou civil.
> > Os amadores de rádio, no geral, revelaram em muitos aspectos e ao longo
> de
> > mais de 100 anos, possuírem mais e melhores competências, que muitos
> > profissionais dos sectores. Não é nada que não se possa ter como
> objectivo
> > cultural.
> >
> > Entendo que todo o Amador de Rádio deve necessariamente prestar Serviço
> > Público e de Voluntariado. É um direito e um dever de todos os cidadãos.
> >
> > Considero o código de Morse um património e uma cultura a não perder.
> >
> > Reconheço que o Morse não deveria ser mandatório, contudo, quem o domina
> e
> o
> > quer treinar e praticar, deveria ser reconhecido e contemplado por esse
> > esforço pessoal e cultural.
> > Acho adequado que seja limitado o acesso a uma classe A, para quem não
> saiba
> > nem queira praticar o código Morse ou outra disciplina das
> > radiocomunicações. É apenas isto, aquilo que afinal ainda distingue
> aqueles
> > que se esforçaram e quiseram aprender de todos os restantes que nunca o
> > fizeram.
> >
> > Considero que não se deve impedir o acesso de todos os amadores e todas
> as
> > classes a todas as faixas de frequência e serviços, pelo mero facto de
> estes
> > não estarem habilitados à prática do Morse ou outras disciplinas.
> Existem
> > outras formas de limitar e regular as diferenças entre competências e
> > dedicação de cada amador.
> >
> > De referir que do meu tempo, diversos amigos pessoais e colegas que são
> > professores universitários e catedráticos da área da engenharia, foram
> > impedidos pela DSR e ICP de prosseguirem a sua trajectória de amadores
> de
> > rádio, isto por não terem querido fazer os exames de Morse da classe E
> para
> > a C, nos anos de 1970, refiro por exemplo CT1ZK - Prof. Carlos Neta do
> ISEL
> > e CT1ZO - Prof. Dr. Eng. Simões Piedade do IST.
> >
> > Agora eu pergunto: quantos milhares de amadores passaram depois de 1975
> para
> > as classes C, B e até para a classe A falsamente habilitados e
> qualificados
> > para a prática de Morse, que na realidade nunca souberam praticar Morse,
> > agravados do facto de que nem sequer possuem conhecimentos de técnica.
> > Alguma coisa esteve e continua mal durante estes últimos 30 anos.
> >
> > O modelo antes imposto pela DSR e seguido pelo ICP nos últimos 30 anos,
> > reflecte hoje o laxismo e a incapacidade estrutural do radioamadorismo
> em
> > Portugal (ainda pior em Espanha). Isto comparativamente com a excelência
> > cultural e tecnológica do radioamadorismo que se desenvolve e pratica
> nos
> > EUA, Japão e Alemanha por exemplo.
> >
> > Para concluir:
> >
> > Parece-me que a ANACOM possui hoje um conjunto de pessoas e de
> profissionais
> > bem mais despertos e empenhados que outrora. Entendo que alguns deles
> são
> > pessoas muito competentes e interessadas, com elevado sentido cívico e
> > profissional, susceptíveis mesmo de conseguirem promover e gerar
> mudanças
> > essenciais ao desenvolvimento e modernização do Radioamadorismo em
> Portugal,
> > o mesmo seria dizer, pela elevação da Cultura da Ciência e da
> Tecnologia,
> > estes são factores determinantes para o desenvolvimento sócio-económico
> do
> > país mais pobre e do povo menos qualificado da União Europeia, esperemos
> que
> > sim, que seja possível.
> > Bom já o mesmo não se poderá dizer quanto ao movimento associativo e
> > federalista, que morreu ou está moribundo.
> >
> > Um abraço,
> >
> > Mariano, CT1XI
> >
> >
> >
> >
> >
>
>
>
> ----------------------------------------------------------------------------
> ----
>
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BPL/PLC ......No thanks!!!
Best 73 from:
regards from:
CT4RK
Carlos Mourato
Sines - Portugal

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